sábado, 28 de fevereiro de 2015

domingo


eu gosto dessas flores e gosto também de imaginá-las sobre nossos corpos. é lindo idealizar todas essas pétalas escondendo a suavidade que cada um de nós carrega no olhar. é lindo idealizar sua nudez junto da minha, seu sorriso junto do meu, sua alegria completa com a minha. é lindo idealizar você tingido de mim. tingido de nós e desse nosso simulacro de paixão. 
eu gosto dessas flores e gosto também de imaginar você trazendo-as pra mim, pode ser num fim de tarde desses em que a gente não quer mais nada a não ser o recanto do sofá. gosto de imaginar nós dois de baixo de um tapete de margaridas, esquecendo do mundo e dessas outras coisas que nos causam preocupações. eu gosto dessas flores e gosto muito de você, só não demora muito pra perceber. 













sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

sexta.

descanse em mim seus olhos cansados
more suas paixões no meu corpo
ame cada pedaço de nós
e nunca mais seremos um só.

desmonte sua impaciência nos meus seios
pinte de mansinho suas cores em mim
borde seu riso manhoso no meu rosto
e então beije meus lábios.

não se assuste. não tenha medo
eu só quero te desmontar cena por cena
e aos poucos me misturar



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

dispersa

o que incomoda é estar dispersa. é estar solta, livre pra cair onde for. o que incomoda é viver nessa parede de gelo que não tem fim. é estar só. ser só. ouvir palavras vazias. dizer palavras vazias. o que incomoda é entrar cada vez mais dentro de mim e viver desse meu jeito. é cantar baixinho quando o que eu mais quero é gritar. incomoda ser alguma coisa entre o medo e a explosão. incomoda ser transparente e sem cheiro. sem gosto. sem voz. o que incomoda é poder girar, rodopiar e não tem um colo pra cair. descansar. dormir.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

aos erros sentimentais

venha cá e explore meu corpo. more no meu sorriso. durma nos meus cabelos. ah, morda meu rosto. meu pescoço. pegue-me pela cintura e fuja. fuja daqui. pinte minhas partes com as suas partes. deslize pra dentro de mim. chegue mais perto, banhe-se em mim. de mim. misture cada pedaço de nós. do nosso erro sentimental. fique mais. mais perto. fique aqui comigo. more no meu sorriso. seja minha falta de ar, minha emoção, meu ombro amigo.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

nosso

às vezes sinto que devia tê-lo mais por perto. beijá-lo com mais calor. segurar sua mão. às vezes sinto que devia falar mais sobre os assuntos do coração. esfregar meu rosto no teu. te fazer um carinho. sentar no seu colo e sussurrar palavras amigas. amigas do seu coração. às vezes eu sinto que preciso dificultar sua fuga de mim. tê-lo mais perto. mais próximo. mais meu.
às vezes eu penso em dizer logo que você é minha paixão. minha nova máquina de inspiração. às vezes penso demais em você. nas nossas noites. nos nossos beijos. sinto, às vezes, que preciso sentar no seu colo e ouvir sua respiração. ouvir suas palavras. as palavras amigas do meu coração.

um coração

é como se eu enxergasse você em todos os lugares. é como se eu sempre sentisse seu cheiro. é como se brotasse flores e corações em todos os cantos. todos os becos. todos os salões. é como se eu estivesse cheia de você até a tampa. até o dedinho do pé. é como se todas as músicas ridículas/românticas fizessem sentido. é como se seu nome estivesse escrito em cada espacinho do meu corpo. é como se eu tivesse um milhão de coisas pra lhe falar mas sempre engolir. é como se eu tivesse uma vontade consideravelmente grande de você. é como se agora eu soubesse somente escrever bobagens sentimentais. como essa aqui. que só fica nas hipóteses banais. nos pensamentos madrugueiros. 







sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

naufrágio e melancolia

se perguntarem por mim,
diga que estou em um naufrágio
é que ele me pegou de jeito,
não deu pra fugir.
eu tentei.
nadei, nadei
mas não consegui.

tudo terminou com um naufrágio.
que antes era bom, mas por fim
tornou-se tristeza e espuma.

naufraguei naquele sorriso.
naquele jeito de menino maroto.
naquele olhar vazio
naquele corpo suado
naufraguei nas mãos quentes
na barba rala
nos cabelos rebeldes.
naufraguei na vontade de ser dele.
dele e de mais nenhum outro.
dele e sem nenhum outro.
dele e sem nem um estorvo.