sexta-feira, 31 de julho de 2015

23:49 pm

sinto frio,
preciso de um lugar calmo
em que eu possa deitar e me esquecer,
me esquecer das percas
e de tudo que ainda irá acontecer
ando cansada, ando perdendo tempo
sou frágil, um pingo de água no meio do deserto
sinto frio,
preciso ir embora daqui
para que meus ossos encontrem um lugar,
onde possam descansar e dormir
e me cicatrizar de existir
sinto frio,
preciso de um lugar pra mim
onde meus membros possam florir,
tornarem-se árvores,
escapar de existir


(esse poema foi inspirado pela música "smother", da incrível banda daughter).

poema sem nome

sou uma bagunça,
uma confusão
sensível ao amor,
ao tédio,
a comoção
sou inquieta por natureza,
delicada
incerta
sou medo, sou furacão
sou metida a poeta
e queria sempre ser canção,
queria ser sempre canção
sou metida a escritora,
metida a querer amar
metida amores impossíveis
eu sou uma bagunça,
uma confusão
sou alguma coisa entre o medo
e a explosão



sexta-feira, 24 de julho de 2015

hoje não sou poeta

acabou que nada se coube em nada. esse romance pisou tão mundo em mim e ele sequer pensa nisso. sequer admite isso. sequer enxerga. ao menos, enxerga que fui só outro de seus amores fúteis e efêmeros. fui só outro dia dos seus, outro cigarro dos seus, outra música das suas. ele seguiu se levando, e eu fiquei ali. pisada, pesada, esquecida. ouvia a voz dele, sentia o cheiro dele e só morria por dentro. que amor egoísta é esse meu. se diz tão grande mas não sai de mim, não me deixa ser suave. não me deixa procurar um outro amor que me guarde. me pergunto se haveria alguém que me guardaria, que dançaria comigo. esse alguém haveria de ser maior que eu pra carregar toda essa minha sede de um amor tranquilo. correspondido. talvez ele seja grande demais e escape. talvez o medo de ser feliz com outro amor grande me engasgue. porque talvez viver não me bastaria, amar não me bastaria, dançar não me bastaria e eu acabaria em ruínas. em destroços. de alguma forma eu acabaria em destroços. não sei como, mas eu acabaria.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

.

sou toda sua
timidamente,
carinhosamente,
orgulhosamente,
estupidamente,
idiotamente
sua.
sou mais sua do que minha
sou menos minha e mais sua
sou sua até quando você não quer
até quando  me maltrata,
até quando vai embora.
sou sua
e não consigo fugir de você
dos teus olhos,
dos teus braços grandes
sou sua
e só o que eu quero é que isso não me machuque
não me incomode mais
sou toda sua
inteiramente,
perdidamente,
amorosamente
sua.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

eufórica

trago em mim toda euforia
de quem já se perdeu em si, 
de quem já se bagunçou por demais,
de quem já não sabe mais onde ir
onde morar, 
por onde amar.
trago em mim toda euforia
de quem não sabe quem é
de quem só é o que não quer
de quem só é tristeza
e melancolia
trago em mim toda euforia
de quem já se cansou de caminhar
por ruas e mais ruas,
e se quer tem um abraço pra morar
trago em mim toda euforia
de quem ao mesmo tempo que ama,
pergunta aos deuses por que é que teu amor não é correspondido,
não é vivido
trago em mim toda euforia
de quem namora sempre a solidão
de quem se mata com canções felizes
de quem já se esqueceu que tem coração 
pra amar qualquer outro,
ou todos os outros.
trago em mim toda euforia
de quem há dias já está pronta pra partir
mas os pés se quer tira do chão

sexta-feira, 17 de julho de 2015

.

posso me prender em você?
posso esquecer essa minha tristeza,
posso despejar minhas infelicidades,
te contar alguma coisa besta
só para que me agrade?

e se a gente trocasse crônicas de sobrinhos?
e se a gente falasse de ter gato,
cachorro e abrigo?

posso insultar teu medo idiota?
insultar suas músicas bregas,
teu estilo de gente confusa, caprichosa?

e se a gente falasse sobre tombos de bicicleta?
e se acontecêssemos mais outras vezes
 juntos?

posso me bordar em você?
posso beijar tua boca?
posso ficar em você,
e me esquecer de mim?

quinta-feira, 16 de julho de 2015

menina-cama

tenho sido tristeza por esses dias
não abro as janelas, não ajeito as cortinas
fico submersa em mim na minha cama
que já se tornou um pedaço do meu corpo
alojou-se na minha espinha,
preencheu meu estômago

as cores não me animam mais
passo os dias olhando aquele quadro
aquele quadro triste
que esbanja infelicidade
ignorância, saudade

fico presa na minha cama
presa em mim
presa em tudo o que podia ser
tudo o que podia ter
minhas raízes estão presas aqui
nessa cama, nesse quarto lilás-escuro
estou presa em mim
e em mim,
a tristeza reside como prisioneira

terça-feira, 14 de julho de 2015

.

passo os dias deitada em minha cama
na verdade eu ando sentindo sua falta
você se despediu bonito mas ainda não voltou
não olhou pra trás e me esqueceu aqui
me levanto com muito esforço
como, bebo, suspiro
e quando percebo a vida já me escapou
já escorreu pelos ponteiros

a gabi tem me ligado muito
ela diz que eu preciso urgentemente sair um pouco
mas eu gosto de ficar aqui e lembrar da desordem
da desordem dos nossos dias
eu fico pensando em você
e até esqueço que existo
ainda quero acreditar que você volta,
não me vejo indo embora
da tua vida
de você

a gabi tem me ligado muito
ela diz que eu preciso esquecer urgentemente esse amor
esse meu amor é que teu
mas que nunca foi nosso

sexta-feira, 10 de julho de 2015

.

sou tristeza
solidão 
ansiedade 
sou incerteza
amargura 
maldade
sou massacre
terror
vaidade
sou desastre
pessimismo 
saudade
me perdi dentro de mim 
por todos os cantos
todos os lugares
e lares,
já me apaguei de mim
"você é nova demais pra sofrer assim"
não me importo, 
nem me interesso 
sou assim 
tristeza,
solidão
incerteza
não existo nem por mim 
não existo nem por mim  

quinta-feira, 9 de julho de 2015

i

me deixa sentar no seu colo depois do jantar
me deixa ajeitar tua camisa,
dizer que tá bonito
me deixa reclamar das suas músicas
dos seus filmes,
dos seus livros
me deixa cantar uma música melosa
me deixa ser sua casa
sua moradia
me deixa dizer que queria ter te conhecido desde sempre
me deixa no vazio, mas depois volta
me deixa ser tua menina
caminhar de mãos dadas,
colecionar alegrias
me deixa gastar madrugadas contigo
planejar ter filhos, casa e abrigo
me deixa te inventar apelidos
inventar poses, desejos e delírios
me deixa dizer que é vazio sem você
me deixa beijar sua boca pra matar a saudade
a saudade que engole a gente
e às vezes transborda maldosa
inquieta, rigorosa

segunda-feira, 6 de julho de 2015

.

e por que eu haveria de querer teu corpo em minha cama?
se de nossas bocas saem apenas palavras mordidas, obscenas, caídas
se em nossos corpos deixamos as marcas dessa paixão maluca que devora por dentro
se dentro de mim já não existe mais espaço, só existe você e sua confusão
se seus olhos já abriram pra mim outra dimensão, outro espaço na Terra
se agora eu caminho sem nem saber de mim, sem nem saber quem sou

e por que eu haveria de querer teu corpo em minha cama?
se já me dei por vencida de que meu amor por ti foi sucumbido, anulado
se o medo me consome por inteiro e não deixa espaço pra você
se a chuva cai aqui dentro e me afoga na saudade de existir contigo
se meu corpo não responde mais os meus comando, minhas ordens, ele só segue você

e por que eu haveria de querer teu corpo em minha cama?
se só querer e não ter machuca, mancha, borra
se só por amar já não basta pra trazê-lo de volta
se a vontade me engole por completo e mais um pouco
se já não quero mais nada, a não ser teu corpo em minha cama.


depois do vento

depois que o vento bate, eu me pergunto
será que existe alguém pra mim?
será que existe alguém por mim?
depois que o vento vem, eu me pergunto
só vou ser feliz no fim?
só vou sorrir no fim?
e o vento ainda bate, eu me pergunto
será que o fim vem?
será que no fim você vem também?
depois do fim do vento, eu me deito
já tô cansada de me perguntar
tô cansada de existir
hoje eu só vou dormir
por hoje, eu só vou dormir

sexta-feira, 3 de julho de 2015

=)

talvez eu queira te sufocar um pouco
talvez eu queira deitar contigo e falar de amor
só pra prometer besteira
talvez eu queira te fazer um café
te entupir de paparicos pela manhã
e de euforia pela noite
talvez eu queira dormir com você toda noite
só pra te encostar o meu pé gelado
só pra te ouvir reclamando

quero te ver de pijamas,
de samba-canção
de cabelo bagunçado
quero te ver jogado no sofá
cansado da vida, cansado de tudo
quero te ver cozinhar
e deixar você queimar o jantar na cantoria
quero te mostrar minhas fotos da infância
te emprestar algum livro
descansar no meio da tarde
e ver desenho animado
filme de terror
te beijar a boca só para que fique calado

ou talvez, só me basta deitar contigo e falar de amor
só pra prometer besteiras
só pra me deixar em você

quinta-feira, 2 de julho de 2015

pra saudade

vou te escrever aqui
pra você não sumir de mim
pra ver se não vai embora
vou te pintar de mim
pra você rodopiar teu corpo na saudade
e nos lambuzar com a eternidade
vou espalhar você
pra ver se te mancho de carinho
pra ver se escorre na gente
pra te esgotar de mim
vou colorir você
pra ver se caibo na sua geografia
pra ver se caibo em você
pra ver você
e só você
e só a gente