terça-feira, 30 de junho de 2015

e

me apaixonei pela saudade
foi a forma que encontrei pra disfarçar o pessimismo
me entreguei ao vazio
transformei a noite em algo grande e silencioso
me apaixonei ainda pela ausência
só pra guardar o seu lugar e deixar tudo pronto
não guardar nem tempo nem tristeza pra você voltar logo
me apaixonei por não saber
o que é que vi e vejo de você
e você  anda longe de mais
de mim
me apaixonei pela distância
para que o medo não cresça dentro aqui de mim
me apaixonei pelo silêncio
seu silêncio
seu vazio
sua distância
me apaixonei assim, por você do jeito que é
foi o jeito que eu encontrei pra aguentar esse tempo
essa distância
essa saudade
essa falta de você

quinta-feira, 25 de junho de 2015

.

mora tanta gente na minha solidão
que nem tem espaço pra mim
só tem bagunça
e confusão sem fim

mora tanta gente na minha solidão
que eu já não me escuto
e muito menos o violão

mora tanta gente na minha solidão
e eu continuo só
toda só
sempre só
só e só

segunda-feira, 22 de junho de 2015

.

diz pra mim que isso vai dá certo
diz pra mim que é verdade,
que gosta de mim
que sente saudade

diz que vai passar rápido
diz que você vem
diz que sente
diz que também chora
diz que também mente
diz que me quer também
diz que quer ser um só comigo

diz pra mim que vai dá certo,
faz isso dá certo
faz isso verdade
faz passar rápido
faz tudo isso logo
e vem ser um só comigo

domingo, 21 de junho de 2015

08:35 am

venta aqui na minha janela
e o ar me convida pra cair,
despencar desse abismo lindo
que deixaram aqui
eu já não posso mais,
já não quero mais
já cansei demais
e ninguém mais pode,
ninguém mais pode por mim
ninguém mais quer por mim
eu já fiz demais,
já chorei demais
já me esperneei demais,
já vi demais,
já morri demais
e agora, já não posso mais
ninguém mais pode
ninguém mais pode nada
nada por mim






quarta-feira, 17 de junho de 2015

r

me invada me machuque me abrace
me aperte me esgane me esmague
puxe meu cabelo minha cintura aperte meus seios
deite do meu lado roube meu espaço se desfaça em mim
me transforme me transborde me maltrate
beije meu pescoço morda o meu rosto aperte minha mão
zombe dos meus óculos esquente meu nariz diga que gosta de mim
me olhe com carinho venha de mansinho me faz cafuné
conte uma piada sem graça um filme bem chato uma música de gente drogada
me sufoque me dê uns tapas chute minha canela
fique nervoso brigue comigo depois me abrace
tire minha blusa massageie meus pés peça um beijinho
me leve pra tomar café me conte mentiras da sua infância se envaideça
fale dos seus bichos da sua mãe do teu sobrinho do seu bicho de pé
me pergunte dos meus dias reclame desse meu drama  me dê um sorriso
ganhe no meu jogo me chame de chata diga que eu não gosto de nada
me odeie por amar gatos me ame um pouquinho também
me peça desculpas diga coisas duras me empurre pro choro
me chame pra sentar no seu colo me trate bem me faz carinho
compre chocolate uma garrafa de água insista para que eu coma
me pergunte se quero algo faça tudo o que eu quero feche a janela
do carro
só não vá embora
não vai embora não


terça-feira, 16 de junho de 2015

valsa da cecília ( que está por vir)

menininha
você mal chegou, 
e já te desenhei amores
já te colhi flores
e te bordei de todas as cores
já ensaiei sussurros de histórias,
sempre ao pé da cama
pra não te acordar
menininha
você mal chegou,
e já te vejo tão poema
tão linda
tão pequena
menininha
você mal chegou, 
e eu só quero que você seja bem vinda
o mundo já ficou melhor 
então, sorria
que o amor a gente já sabe de cor 

varalzinho

imaginem um varal,
e nesse varal,
centenas de poesias
centenas de rimas
 e agonia
imaginem um varal,
e nesse varal,
centenas que coisas que já foram
centenas de poemas que não são mais
e mais algumas bandeiras,
bandeiras de quem só ama a solidão
imaginem um varal,
e nesse varal,
letras que ainda não foram lidas
poesias que ainda não foram escritas
e milhares de outras coisas já perdidas

também não tem nome

sei que não pode,
mas quero
sei que machuca,
e mesmo assim eu fico
eu pulo,
eu danço,
eu grito
sei que engorda,
mas eu como
sei que não presta,
mas bebo
sei que não devo,
mas faço
sei que queima,
e mesmo assim eu mordo
sei que aperta,
mas insisto
sei que tinha que deixar,
mas carrego
sei que é tudo muito fácil,
mas sou confusa
sei que não pode nada
mas faço tudo

domingo, 7 de junho de 2015

mais um sem nome

perto de mim tem ninguém,
ninguém com mais ninguém
dentro de mim tem ninguém,
mais outro ninguém com ninguém
e a soma de todo esse ninguém
me apaga,
me atrasa,
me decapita

aqui em mim tem ninguém,
dentro aqui de mim,
só cabe ninguém
e todo esse ninguém
me desbota
me transborda

é tanto ninguém pra mim
que já não sou mais alguém,
sou mais outro ninguém
á procura outro ninguém


rec

um registro da solidão,
um registro dessa solidão alojada
jogada aqui,
assim, de qualquer jeito
com total desleixo
sem nenhum receio
um registro da solidão!
dessa solidão aqui que tá em mim
dessa solidão aqui que tá aqui
aqui, bem, aqui
aqui dentro de mim
um registro da solidão.
da solidão que embrulha o estômago,
aperta a garganta
um registro da solidão..
e mais um solo.
só mais um!
depois desse juro ir-me embora,
juro que vou sair pra procurar o sol.
mas antes disso, lhe peço
deixe-me registrar essa solidão

segunda-feira, 1 de junho de 2015

poema sem nome


eu procuro abrigo,
tô cansada de tanto perigo,
de correr o mundo.
de me dar por tudo,
e se quer ter um peito pra morar,
uma boca pra beijar,
um abraço pra ficar.
já me sou solidão por demais
e nem sei mais
do que sou capaz,
nem sei se tem paz
dentro aqui de mim
preciso esquecer do mundo
de tudo
e me reduzir a mim,
me reduzir a mim
e ir embora
sem me demorar,
ir embora
pra não mais voltar
não mais voltar,
e deixar de só observar
esse mundo tão grande
que vai além do que eu posso olhar
vai além da minha janela
além do quinto andar