segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

mar

estou agora sentada à imensidão do mar
as ondas chegam de mansinho
e de mansinho me roubam de mim
o silêncio se apropria desse cantinho aqui 
e nesse cantinho eu observo o mar
que é vento 
sinto o vento
poucos são os que sentam-se à imensidão do mar
e observam as curvas das ondas e as estripulias que a água faz
feito fosse água viva
mas que força a água tem senão a de ter força alguma?
o que tem de tão forte é não sucumbir aos desejos do vento
que invade
dei-me conta um tanto tarde de não tentar resistir a nada, feito a água
que se por disponível aos ventos de tudo é uma das mais bonitas versões
da coragem  
da paz
tranquilidade
e o vento carrega a água mostrando que todos os rochedos que é lançada
são partes do seu caminho tranquilo rumo a não saber onde vai
e  a água vai passando por ali, aceitando-os sem tentar resistir
derrubá-los
fugir
e eu que tanto quis resistir 
que já criei tantos tsunamis em mim 
vejo-me agora, dançando feito água
já não me encanta saber se tenho rumo
ou tampouco pensar nisso
já não mais imploro que me amem, ou que queiram me amar, que me esperem
que voltem, que me sigam 
vendaval passa
rochedos ficam para trás
e eu serei quem tiver de ser
quem eu conseguir construir a ser
serei somente quem for e nenhum palmo além disso
ser água é ir
e eu vou 
meu encantamento encontra-se em não pensar, somente seguir
reduzida a mim, eu vou.


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