quinta-feira, 10 de julho de 2014

Surpresa!!!

 Mais um dia chuvoso. Mais um dia enfrentando um trânsito terrível, flanelinhas sacanas e reclamações do Departamento de História. E mais uma vez eu estava ali, trancafiada naquele escritório em frente a um computador revisando uma pesquisa sobre o Nazismo na Alemanha. Meu Deus! Como aquilo era entediante... Segundo após segundo eu tentava encontrar algum refúgio em minha mente, pensava em inúmeras paisagens, lugares, esconderijos, cavernas, qualquer lugar em que eu pudesse abandonar todo aquele trabalho e apenas descansar. Encontrar o sentido da vida mais uma vez,já que ele sempre, sempre sai de mim sem avisar.
 Olhei no relógio que marcava 15:40 da tarde e nesse instante momento eu podia ver através dos furinhos da persiana o balançar das imensas árvores verdes plantadas em frente aquele Departamento louco e explorador de historiadores iludidos que buscavam se aperfeiçoar cada vez mais dentro do seu campo de trabalho. Suspirei. Por que diabos eu ainda continuava lendo todo aquele documento? Não estava prestando um pinguinho sequer de atenção, minhas vistas estavam embaralhadas e pediam um descanso imediato. -Chega!- Falei comigo mesma. Levantei-me da cadeira, caminhei até o imenso corredor branco até chegar em um bebedouro que se encontrava no fim das paredes brancas. Finalmente! Sorri aliviada, levando um copo cheio de água até a boca, mas, tudo o que é bom acaba cedo demais não é? Quando dei por mim o copo já estava vazio e eu tinha que voltar pro meu lugar, para minha cadeira, minha persiana. Sem os sorriso nos lábios eu refiz todo aquele caminho tristonho até meu escritório e ao chegar bati delicadamente a porta, minha mente já não estava mais ali. Estava numa praia, nessas de comercial de férias, sabe? E eu estava deitada na areia sentindo o vento veranizando meu corpo. Por que não podemos nos teletransportar? Essa sem dúvidas seria a solução de todos os meus problemas cansados. 
 Enquanto eu me remoía em pensamentos decidi abrir a persiana para observar a chuva que fazia um relaxante som. Cambaleei até a janela e lentamente fui abrindo a persiana, procurando algo de bonito com meus olhos nervosos. Pimba! Não acredito! Imediatamente esbocei um sorriso de orelha a orelha e dessa vez sincero, mordi o canto direito de meus lábios e respirei fundo. Dentro de mim já não cabia mais amor. Ali, naquele parapeito do oitavo andar, uma pombinha fizera seu lar. Um ninho com três filhotes buscando refúgio e aquecimento sob as penas de sua mãe, reproduzindo um barulhinho que para mim significava: "Você não sabe o que tá perdendo sua humana boba!". Fiquei por muito tempo observando-os sem pensar em nada, apenas na vida e no sentido que tinha acabado de voltar para mim e dessa vez trazia flores e sorrisos. 
 Com certeza, se Deus pudesse atender um único pedido meu, que fosse o de ser algum daqueles filhotes que provavelmente nem sabiam voar, mas, já possuíam o mundo em seu pequeno ninho.  

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