terça-feira, 30 de setembro de 2014

ato I

Todos os dias ele me pergunta o que espero da vida. Todos os dias ele esbarra no meu ombro cansado sua solidão. Todos os dias ele espera encontrar em mim o que não encontra em outro lugar. Todos os dias ele me beija na tentativa de reduzir meu egocentrismo. Todos os dias ele tenta reduzir minha ausência, e eu, cansada, me ausento mais. Todos os dias ele me pergunta por que é que eu vou embora tão fácil. E eu, assim, tão inanimada, desvio um pouco mais. Todos os dias ele procura se pintar de mim. Todos os dias ele me quebra com músicas que buscam amor aqui dentro do meu peito. E eu, tão exausta, me silêncio ainda mais. Todos os dias tento fazê-lo perceber que já não estou mais aqui. Me mudei há dias, há semanas, há meses... Instalar-se em mim não lhe trará paz. Junte seus poemas e seus sorrisos caídos e vá embora. Vá com cuidado. Fique com Deus.

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